Há muito se acredita que o chá verde tem propriedades restauradoras da saúde e seus compostos têm atividade antioxidante, mas você sabia que o consumo de chá verde e principalmente do extrato de chá verde, pode ser causa de lesão aguda no fígado, incluindo casos de insuficiência hepática aguda com necessidade de transplante hepático urgente e até a morte?
A prevalência de lesão hepática aguda induzida pelo extrato de chá verde com sintomas ou icterícia não é conhecida, mas é, sem dúvida, baixa em comparação ao uso em larga escala desses produtos. No entanto, mais de 100 casos de lesão hepática clinicamente aparente atribuída ao extrato de chá verde foram relatados na literatura. Um pequeno número de casos semelhantes também foi descrito após a ingestão de “infusões” de chá verde.
Chá verde e fígado: Qual a relação?
Tanto o chá verde, como o chá preto são produzidos a partir das folhas da árvore chinesa Camellia sinensis. O chá verde, ao contrário do chá preto, não é fermentado, o que ajuda a preservar seus catecóis polifenólicos antioxidantes.
Acredita-se que os múltiplos polifenóis do chá verde sejam os componentes ativos responsáveis por suas supostas propriedades quimioprotetoras, antiproliferativas e antioxidantes. Por outro lado, dados pré-clínicos e humanos implicam o componente catequina do chá verde como o culpado da hepatotoxicidade.
Há estreita associação entre lesão hepática causada pelo chá verde e a expressão genética do alelo HLA B * 35: 01, sugerindo uma etiologia imunológica. Essa associação com HLA, a falta de dependência clara da dose e a recorrência da lesão na reexposição (com uma latência mais curta) indica que a lesão é idiossincrática, ou seja, acontece independente da dose ou do tempo de uso, e não devido à toxicidade direta das catequinas.
O mecanismo de toxicidade hepática idiossincrásica, associada a perfis de catequinas variáveis nos extratos de chá verde de acordo com os processos de fabricação, dificultam a recomendação de uma dose que seja segura para consumo.
Fatores de risco
Pacientes que apresentam lesão hepática aguda, particularmente com padrão hepatocelular sem causa óbvia, devem ser questionados sobre o uso de suplementos e ervas dietéticas e extrato de chá verde e devem ser aconselhados a interromper todos os medicamentos fitoterápicos.
Aqueles que bebem chá verde regularmente, é prudente interromper todo o uso. Em casos típicos, a recuperação é esperada em um a dois meses. Pacientes que desenvolveram lesão hepática aguda atribuível ao extrato de chá verde devem ser alertados sobre os riscos da reexposição.
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Dra. Aline Fernandes